Pesquisar este blog

Internet via tomada

Acesso à banda larga pela rede elétrica. A versão brasileira do sistema, inspirada no modelo americano, fica sob consulta pública até o fim do mês e deve ser regulamentada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) até dezembro deste ano

FABIO LEITE, f.leite@grupoestado.com.br

Depois de entrar na casa dos brasileiros pela linha telefônica, pelo sinal de TV a cabo ou sem fio e via satélite, a internet vai chegar também pela rede elétrica. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estima que, já a partir do ano que vem, a tecnologia Power Line Communications (PLC) - que permite a conexão banda larga apenas plugando o fio do computador na tomada - começará a incluir no universo virtual os cerca de 80% da população que ainda não têm acesso à web em suas residências.

Inspirada no modelo americano, a versão brasileira da banda larga de fio elétrico fica sob consulta pública até o fim do mês e deve ser regulamentada pela Anatel até dezembro. A Agência acredita que o serviço deva engrenar rapidamente porque, além da enorme demanda por acesso que há no País, vai utilizar uma infra-estrutura que já existe e de enorme abrangência.

“A rede elétrica tem uma capilaridade muito maior que a telefônica, por exemplo. Com o PLC, qualquer pessoa que tem luz em casa poderá acessar a internet banda larga”, explica a especialista em regulação da Anatel, Diana Tomimura. Segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), em 2007, 180 milhões de brasileiros tinham acesso à eneria elétrica - 98% da população -, porém, revela levantamento do Ibope Net Ratings, apenas 35,4 milhões têm acesso à internet em casa hoje.

Na verdade, a tecnologia PLC não é nenhuma novidade. No Brasil, ela já está sendo testada pelas companhias de energia elétrica como a Copel (Paraná), Celg (Goiás), Cemig (Minas) e Light (Rio) há cerca de oito anos. Em São Paulo, a AES Eletropaulo Telecom informou que também está fazendo testes em alguns pontos da Cidade, mas que não tem dados concretos sobre os resultados porque o processo está ainda em fase inicial.

Transmissão e adequação

Na prática, o PLC permite a transmissão de radiofreqüência utilizando redes de energia de média e baixa tensão das concessionárias de fornecimento de luz para enviar sinais de internet, voz, vídeo, entre outros. O caminho é o mesmo da rede elétrica. Os sinais saem de uma estação central, seguem pela fiação até os postes de luz, onde são convertidos por aparelhos transformadores antes de chegar às residências. Dentro de casa, o usuário só precisará ter um modem - equipamento responsável pela conexão - específico para esta tecnologia e plugá-lo na tomada (veja mais detalhes ao lado).

“O grande problema para o PLC serão os transformadores dos postes de luz, que naturalmente são uma barreira aos sinais de internet. As empresas terão de fazer uma adequação em suas redes para fazer tudo isso funcionar”, comenta o diretor da consultoria em telecomunicações Teleco, Huber Bernal Filho. “Sem dúvida, é uma boa alternativa de acesso à rede, mas temos de ver como o mercado vai se comportar e aprimorar essa tecnologia para oferecê-la em larga escala.”

Segundo Ethevaldo Siqueira, especialista em telecomunicações, a questão é saber se a banda larga de fio elétrico será fornecida mesmo pelas companhias elétricas ou pelas “teles”. “As primeiras candidatas são as operadoras elétricas, mas elas podem alugar para uma tele operar”, conta. Embora a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) esteja acompanhando o processo, a regulamentação está toda nas mãos da Anatel.






Links Patrocinados